Maria Yedda Leite Linhares (1921-2011)
Nordestina migrante de classe média, Maria Yedda Leite Linhares ingressa no Curso de História da UDF em 1939, passa um período de estudos na Barnard College e na Columbia University nos Estados Unidos, e conclui a licenciatura pela FNFi, em 1945. Valendo-se da sua expertise em inglês entra no mercado das aulas particulares e contribui com a Agência Reuters. Com apenas dois anos de formada e recusando-se a conformar-se ao ideal feminino da família do noivo, inicia sua trajetória docente como assistente de Delgado de Carvalho na cadeira de História Moderna e Contemporânea da FNFi. Em função da aposentadoria do titular e da morte prematura do sucessor masculino “natural”, ela, jovem mãe, prepara uma tese sobre as relações anglo-egípcias e o Sudão e se submete ao concurso de livre-docência (1954). Já empossada, em 1955, lança-se em uma nova tese, agora para o concurso de cátedra. Linhares mantém-se na área de relações internacionais, mas desloca o espaço de análise dedicando-se à política francesa no Marrocos no início do século XX. Plena em sua cadeira desde 1957, engaja-se pela reforma forma universitária e, com o fim do sistema de cátedras, torna-se professora titular. Vítima do regime ditatorial, sua aposentadoria compulsória (1968) lhe obriga a interromper seu projeto de história urbana do Rio de Janeiro oitocentista, alicerçado na história social quantitativa e serial à la Ernest Labrousse. Acolhida na França por Jacques Godechot, leciona História Moderna do Brasil na Université Toulouse-Le Mirail de 1969 a 1974, quando regressa ao Brasil para ser avó. Cuidando da mãe e do marido enfermos, retorna à docência na FGV (1976-1981), onde arquiteta um projeto de pesquisa no âmbito da História da Agricultura Brasileira. Com a anistia, o projeto, que desemboca em uma história agrária preocupada com as hierarquias sociais, é desenvolvido nos programa de pós-graduação da UFF (1982-1988) e da UFRJ (1980-1990). Atuando diretamente na administração pública, Linhares ainda foi secretária da Educação da cidade (1982-1986) e do Estado do Rio de Janeiro (1991-1992).
Verbete biográfico por Daiane Vaiz Machado, Unesp/Franca