| Resumo: |
Esta dissertação de Mestrado tem como objetivo principal avaliar a dimensão material da sociedade de um distrito mineiro denominado Bonfim do Paraopeba. Entende-se por dimensão material os bens e os objetos arrolados nos inventários post-mortem. O núcleo central dos problemas aqui abordados prende-se, pois, à tese de que existe uma relação (direta) entre o tamanho da posse de escravos e a dimensão material da sociedade. As análises realizadas focalizaram o Segundo Reinado e tiveram como referencial teórico principal os trabalhos de Fernand Braudel. Buscou-se conhecer também alguns aspectos econômicos e demográficos da referida localidade, comparando os resultados alcançados com aqueles obtidos para a região Mineradora Central Oeste e a Província de Minas Gerais. Os resultados permitiram-nos conhecer não só importantes aspectos econômicos e populacionais, como também nos possibilitaram averiguar o patrimônio, os objetos do cotidiano (o mobiliário, os utensílios domésticos, a vestimenta e as jóias), os acessórios (os chapéus de seda, os xales bordados e outros), os produtos importados, os calçados, os castiçais de prata, os jarros de barro, os tecidos confeccionados nas rocas e nos teares e tantos outros elementos que compunham o universo material. Por traz dessas singularidades, importantes relações comerciais, nuanças econômicas e socioculturais transpareceram da documentação. As notas fiscais localizadas nos inventários dos comerciantes e as informações contidas na documentação dos tropeiros permitiram identificar a circulação de mercadorias, o que era produzido na localidade (os tecidos, o mobiliário, os gêneros da terra etc) e o que era importado (os produtos sofisticados como os tecidos e os badulaques provenientes da Macedônia, da Índia, da Inglaterra e, sobretudo, da França) de outros mercados, como a praça do Rio de Janeiro |
