Resumo: |
Este trabalho procura mostrar, através da análise das condições sociais existentes entre 1946 e 1961, que a cidade de São Paulo, ao contrário dos discursos da imprensa na época, que a viam como símbolo do desenvolvimento econômico ou como caos, era controlada pelo Estado, quer pela repressão, quer pelo aliciamento dos atores sociais. Com o avanço da industrialização no país, havia a necessidade de criação de um exército industrial de reserva, o que orientou a ação do Estado no sentidode atrair e fixar largos contingentes populacionais na cidade. A inação do Estado no campo da habitação abriu a possibilidade de milhares de pessoas se tornarem proprietárias de um imóvel urbano, cooptando-as para o projeto de desenvolvimento vigente. Durante o período de industrialização acelerada, na qual foram sendo instalados no país ramos industriais cada vez mais complexos, o parque industrial de São Paulo se tornava obsoleto, baseado em ramos tradicionais como o têxtil, incapaz de atender a crescente demanda por empregos. Apesar das intervenções estatais sob várias formas, havia escassez generalizada de alimentos, as condições de abastecimento e transporte eram das mais difíceis e a inflação era crescente. Todos estes fatores levavam à insatisfação permanente, expressa através de movimentos de todos os matizes, as greves e levantes populares espontâneos, válvulas de escape contra a pressão do cotidiano. Sempre os movimentos ultrapassavam os limites estreitos impostos pelo Estado,eram duramente reprimidos pelo aparelho de segurança, mantendo a cidade em ordem. Assim, o crescimento econômico trouxe consigo a instabilidade social, que foi mascarada pelo paradigma que interpreta a industrialização brasileira como fonte de progresso e bem-estar para a população em geral |