Resumo: |
A produção musical religiosa em São Paulo e Minas Gerais, nos séculos XVIII e XIX, tem sido estudada a partir da concepção de que foram empregados estilos únicos em determinadas épocas e regiões. Neste trabalho pretende-se demonstrar a existência, em acervos paulistas e mineiros de manuscritos musicais, de obras religiosas em estilo antigo, que exibem a manutenção de técnicas composicionais da música renascentista européia (século XVI), mas foram produzidas e/ou copiadas nos séculos XVIII e XIX: suas características são contrastantes com as das obras em estilo moderno do mesmo período, que utilizam técnicas originárias da ópera e da música instrumental profana. Após um levantamento em dez acervos, foram descritas e estudadas cento e quarenta e cinco composições em estilo antigo, procurando-se compreender suas principais características e sua função na prática musical religiosa paulista e mineira desse período. Além de terem sido detectados três sistemas denotação musical e vários tipos de composição para a mesma função cerimonial, concluiu-se que o estilo antigo concentra-se em cópias sem indicação de autoria, principalmente destinadas à Semana Santa, e que este não foi utilizado, em São Paulo e Minas Gerais, como mera alternativa estética, mas sim como uma forma conservadora de respeito às prescrições litúrgicas. Por ainda possuírem função nas cerimônias católicas, também foram copiadas, nessa época, composições em estilo antigo produzidas na Europa (especialmente em Portugal), em período anterior ao século XVIII |