Nos Confins da Civilização: Sertão, Fronteira e Identidade nas Representações sobre Mato Grosso

Lylia da Silva Guedes Galetti (Orientador: Nanci Leonzo)
Tese de Doutorado
Programa: USP/SOCIAL
Defesa: 2000
Resumo: Esta tese discute um conjunto de representações acerca de Mato Grosso e sua população, onde as noções de fronteira e sertão, em seus múltiplos e ambivalentes sentidos, caracterizam geográfica, social e culturalmente a região. Tais representações, contidas nas obras de viajantes estrangeiros e brasileiros do litoral civilizado, escritas entre fins do século XIX e inícios do século XX, são analisadas em seu "diálogo" com os discursos de intelectuais nativos, diante da problemática da construção de uma identidade regional. Visto pela ótica do progresso e das teorias evolucionistas, presentes nas interpretações de viajantes e brasileiros "cultos", o imenso território mato-grossense era representado como fronteira entre barbárie e civilização: isolado, abarrotado de riquezas inexploradas, habitado por uma população de índios e mestiços indolentes, à espera de migrantes e capitais europeus. Visto pela ótica da nação, o sertão/fronteira da pátria, ora valorizado positivamente ora negativamente, era um dos fundamentos da idéia de nacionalidade brasileira no período em foco. Partilhando desta ambigüidade, os intelectuais mato-grossenses manifestaram profundo mal estar cultural face à identidade de sua terra natal. Estigmatizada pela barbárie, e buscaram redefini-la realçando os atributos positivos contidos naquelas noções
URL: Tese não digitalizada