Resumo: |
O objetivo deste estudo foi o de demonstrar como um conjunto de práticas que se vincularam à atividade militar no exército imperial contribuíram para a geração de um grupo de intelectuais militares que se tornaram sujeitos da ação política na década final do Império do Brasil. Tínhamos por pressuposto que o ensino ministrado na Escola Militar, pelo conteúdo que reunia formação científica e literária, como fundamento do conhecimento técnico militar, proporcionou a base intelectual para a ação política. Ele seria, entretanto, insuficiente. Por isso, foi fundamental sua associação ao exercício prático de direção oportunizado pelas funções que uma parte dos oficiais foi chamada a assumir no interior da corporação. O trabalho intelectual adquiriu, para este segmento da oficialidade, um caráter de construção social, distinto do caráter ornamental que possuía para outros grupos da sociedade imperial.0 lugar destinado ao exército brasileiro naquela sociedade, vinculado à necessidade de modernização imposta aos exércitos profissionais que se organizaram no ocidente, no século XIX, levou-o a incorporar atividades de produção industrial, de produção de conhecimento e de escolarização. Delimitou-se, dessa forma,no Estado Imperial traspassado pela força do poder local, um campo de experiências aliadas à construção de espaços de modernização e de vivência de realização do Estado Nacional. A partir dos interesses e práticas internos à corporação, foi-se elaborando um discurso que configurou um projeto capaz de aglutinar uma parte da corporação, calcado no exercício da ) argumentação e do confronto com o próprio poder de Estado. Mesmo minoritário, o segmento da oficialidade que - para além das diferenças de patentes, de armas, de formação, de postos, de posições filosóficas e de filiações partidárias - foi capaz de construir uma unidade de pensamento e ação, apoiada sobre os interesses fundamentais da corporação, tornou-se dirigente, dando o tom dos acontecimentos que envolveram o exército na década de 1880 |