Resumo: |
O objetivo desse trabalho foi caracterizar a Escola de Aprendizes Artífices de São Paulo, criada em 1909, como uma instituição que atendia às especificidades de São Paulo na época, como nacionalizar os trabalhadores, majoritariamente estrangeiros. Assim, cuidava-se de transmitir a língua e a cultura brasileira; a disciplina baseada na assiduidade, pontualidade, respeito à hierarquia e principalmente educar os futuros artífices, mestres e contra mestres, através de um ensino racional e científico, no sentido de descaracterizar o conhecimento empírico desses trabalhadores. A referida escola, apesar de ter sido criada por Nilo Peçanha, possivelmente, no sentido educar os desfavorecidos da fortuna, ilustrando a tese de uma elite brasileira, não representativa do polo dinâmico e que propunha, no Congresso Agrícola de 1878, no Rio de Janeiro, o aproveitamento da mão-de-obra livre pobre e ex-escrava, acabava por corresponder às expectativas da burguesia moderna paulista, que, no mesmo Congresso, fora vencedora ao propor o uso do imigrante no mercado de trabalho livre nacional. Diferentemente de suas congêneres nacionais. o seu alunado era formado por filhos de operários, profissionais urbanos e pelos próprios operários. Enquanto isso, e dando continuidade ao projeto da fração de elite moderna paulista, houve na década de 1920 a criação da Escola de Mecânica Prática do Liceu de Artes e Ofícios , a criação do Centro Ferroviário de Ensino e Seleção Profissional em 1934 e em 1942 a criação do SENAI, tendo como figura chave o engenheiro suíço Roberto Mange, inaugurando a seriação metódica, com a parcelização da produção e a requalificação por função, indicando um processo que iria ocorrer nas Escolas de Aprendizes Artífices de modo muito mais moroso. |