Resumo: |
A construção do Estado nacional, no Brasil, foi resultado de um longo processo, no decorrer do qual vários projetos se confrontaram. Mesmo no interior da elite política não havia consenso sobre o arranjo institucional que deveria preponderar. De um lado, o grupo ligado ao reformismo ilustrado português, cuja principal figura era José Bonifácio de Andrada e Silva, empenhava-se na aprovação de um conjunto de reformas profundas que modernizassem a economia e a sociedade coloniais. De outro, os grupos dominantes regionais, liderados pelos liberais paulistas, lutavam por conquistar hegemonia no interior do novo Estado, articulando-se em torno de um projeto nacional, cuja tônica era o acordo federativo. Ao final este foi o projeto vitorioso. A partir da abdicação de D. Pedro I em 1831, a federação conferiu ao Estado o perfil que prevaleceria durante todo o Império. Esta era a única maneira de os grupos dominantes nas províncias aceitarem a unidade do território luso-americano sob a hegemonia do governo do Rio de Janeiro. O preço que se pagou foi a inviabilidade de uma pauta de reformas sociais, uma vez que qualquer proposta neste sentido esbarrava na capacidade de pressão dos grupos regionais, cujos interesses fossem eventualmente atingidos |