Resumo: |
Esta tese problematiza e ressalta o estatuto de verdade que os discursos instituidores do conceito de coronelismo e da imagem do coronel imprimem culturalmente. O nosso objetivo é o de apreender as condições históricas que tornaram possível a emergência e as contínuas mudanças deste conceito e desta imagem, enquanto enunciados explicativos das relações de poder que se exerceram ou se exercem no Brasil; enquanto um saber que se pretende "verdadeiro", desconhece as diferenças, e busca legitimar as relações sociais e políticas como institucionais e hierárquicas. Portanto, o conceito de coronelismo e a imagem do coronel, na qual ele se apóia, são considerados, neste estudo, como construções imagético-discursivas formuladas a partir de determinadas práticas políticas; da compreensão do Estado como o eixo sob o qual se organiza e se exerce o poder; da concepção do poder como exercício de dominação e apropriação por determinados indivíduos; e, por fim, de uma visão evolucionista da história. Neste sentido, analisamos a construção e o uso do conceito de coronelismo e da imagem do coronel, nos discursos acadêmicos e literários, como a produção de uma visibilidade e de uma dizibilidade sobre o poder que procura se reconhecer ou se materializar numa "identidade", mas que, apesar da sua instituição e legitimação cultural, se dissolve no mesmo momento de sua construção |