Dimensões Culturais nas Relações Sindicais entre o Brasil e a Itália (1968-1995)

Adriano Sandri (Orientador: Amado Luiz Cervo)
Tese de Doutorado
Programa: UnB/PPGHIS
Defesa: 2000
Resumo: As organizações da sociedade civil participam da vida e da história através do poder cultural com o qual se inserem em suas realidades sócio-econômico-políticas. Sem possuírem normalmente força política institucional e econômica relevante, as Organizações Não Governamentais se destacam pela atuação na esfera do poder cultural. Definido nesse contexto, o movimento sindical é analisado nessa tese como uma organização da sociedade civil que se destaca nas sociedades industriais e participa de forma marcante na história moderna e contemporânea, merecendo receber mais atenção na historiografia das relações internacionais. A partir de um conceito de cultura que se fundamenta nas ideologias, nas estruturas, nas relações políticas e na ação, que verificam a consistência dos discursos dos sindicalismos brasileiro e italiano, são delineadas, no segundo e terceiro capítulo, as mais marcantes características culturais desses sujeitos no período que se inicia em 1968, data emblemática para os dois movimentos. As relações sindicais entre as centrais sindicais dos dois países são focadas a partir dessas características e através das iniciativas de cooperação política, cultural e econômica desenvolvidas entre 1978 e 1995. Além de chamar a atenção sobre a necessidade de aprofundar os aspectos culturais presentes nas relações internacionais, a tese conclui que tais instituições sindicais trabalharam com um conceito de cultura bastante limitado a aspectos informativos, cognitivos e técnicos; que, mesmo tendo superado as tradicionais relações internacionais que colocavam o sindicalismo do Primeiro e Segundo mundo como modelos a serem transferidos para o Terceiro mundo, ou seja com a cultura colonialista e paternalista, mantiveram uma cultura marcadamente nacionalista, constatada pelo fato de não terem a capacidade de se confrontar com o fenômeno da globalização que de fato superou muitas dimensões econômicas e políticas nacionais; que, dentro dessa última característica cultural, o intercâmbio internacional entre sindicalismo do Norte e do Sul, numa dimensão mais conservadora, rejeita radicalmente confrontos que possam questionar as características culturais das entidades sindicais nacionais. A tese sugere que o estudo desse caso não seja considerado uma exceção e que, portanto, as relações internacionais sindicais em geral e as relações internacionais das Organizações Não Governamentais sejam analisadas com a metodologia e os parâmetros aqui sistematizados.
Páginas: 244
URL: Tese não digitalizada