Resumo: |
A Ilha de Santa Catarina é, na atualidade, sinônimo de paraíso turístico devido às suas belezas naturais. Essa imagem foi sacralizada pelos discursos que circulam sobre a cidade. A construção da "Florianópolis Capital Turístca" faz parte de um claro projeto político das décadas de 60, 70 e 80. Naquele momento, a pacata capital, cuja dinâmica girava em torno do funcionalismo público e em torno de atividades artesanais - como a pesca - viu seu status ameaçado pelo crescimento econômico de outros municípios industrializados do Estado. Para não perder sua posição, Florianópolis insere-se, rapidamente, numa lógica presente por todo o país: a febre do desenvolvimentismo. Os traçados da Ilha foram sendo refeitos, ganha uma nova ponte, assim como muitos aterros. O objetivo era enterrar, literalmente, muito de seu aspecto provinciano. A cidade verticalizou-se numa rapidez assustadora. Além do desejo de torná-la cosmopolita, por modernos traçados urbanos que marcavam um certo progresso, o discurso político elege a atividade turística como um caminho possível para engordar os cofres públicos. Aos poucos, o discurso ecológico, que iniciava sua "infiltração" por inúmeros setores da sociedade brasileira, chega à cidade. A apropriação de idéias ecológicas incrementou esse "sonho" de modernização da Ilha e se faz cada vez mais nítido nos discursos políticos. Toda essa movimentação em torno da transformação da Ilha, baseada no fomento ao turismo, é vivida intensamente por grande parte da população de recantos como a Lagoa da Conceição. A experiência, nesse contexto, apresenta-se como uma outra importante faceta da metamorfose urbana de Florianópolis : ela constitui sujeitos e dá visibilidade aos atores que não têm voz na documentação oficial. |