Resumo: |
O presente estudo teve como objeto o entendimento do processo de elaboração de uma imaginação regional no Brasil ao longo do século XIX, tendo como suporte os relatos de viajantes europeus e nacionais. Fugindo da estreita condição imposta pelo conceito de ideologia e amalgamando categorias imaginárias e míticas que anunciam o conceito de imaginação regional, o estudo evoluiu para uma intensa interlocução entre história e geografia. A ênfase da natureza torna-se critério fundante da nação brasileira, Ciosa de marcos fundadores, a nação a caminho haveria de superar certos óbices que, na maioria das vezes, estavam ligados a uma leitura depreciativa do homem em relação à natureza. Com os óculos das ciências naturais, a nação insurgente, fazendo vistas grossas aos conflitos provinciais, encontra a medida certa para a manutenção do discurso do centralismo político. Na Província de Goiás, ecoaram os imperativos da razão monárquico-constitucional. Tradição política e progresso econômico resplandeciam como os móveis excelentes à supressão do estado de decadência residual, mas nem por isso afrouxado, da fugidia economia aurífera. A navegação dos rios é apontada como o vetor dessa empresa, desde que se fizesse acompanhada de outros signos civilizatórios. As expensas de interesses regionais, dizimação de índios, povoamento forçado e de uma instável navegação fluvial, o projeto de nação também se fez ouvir da boca dos administradores e viajantes que, sob o peso da coroa, se antepunham na defesa do Império. |