Resumo: |
Este trabalho é o resultado de uma pesquisa histórica sobre a Festa do Divino Espírito Santo na cidade de Pirenópolis (Go), entre os anos de 1890 a 1988. Trata-se de uma manifestação cultural luso-brasileira que se dinamizou nesta cidade durante o século XIX e XX integrando elementos sagrados e profanos que difundiram-se nos espaços rurais e urbanos locais. Esta difusão é analisada a partir de dois processos: O primeiro denominou-se Romanização e representou as mudanças ocorridas internamente à Igreja Católica decorrentes de maior aproximação dela a concepções ortodoxas provindas de Roma. Esse contato resultou em regulamentos, normas e proibições em relação às inúmeras manifestações do catolicismo popular, entre elas a festa do Divino Espírito Santo. Este decurso terá um amplo desdobramento a partir de 1890 até os anos 30 do século XX e em Pirenópolis provocou diversos conflitos entre a Igreja e as famílias locais. Outro processo analisado, foi o da patrimonialização que correspondeu ao movimento em torno das diversas manifestações culturais e nacionais, entre elas as festas, a partir do movimento modernista dos anos 20 e que se desdobrou com a política varguista dos anos 30. Algumas ações do período como a criação do SPHAN e de Institutos de Folclore imprimiram novas marcas no relacionamento entre a sociedade brasileira e as festas. Em Pirenópolis esse processo resultou na criação de uma política local a partir dos anos 70, na qual a Cavalhada, que é uma das manifestações da festa do Divino, passou a representar culturalmente a cidade ao mesmo tempo em que dinamizou o turismo na região. Destarte a festa do Divino adquiriu características próprias, modificou práticas, reinventou símbolos e relacionou-se com a dinâmica da sociedade que a organizou e a partir dela articulou uma memória coletiva local. |