Resumo: |
A experiência cromática de Goeldi parte de uma estética da redução. Não esperando muito da realidade, seu trabalho, realizado em uma técnica rústica - a xilogravura - propõe um contínuo exercício de síntese, tanto em relação aos elementos temáticos que compõem seu discurso, quanto à formulação de sua linguagem plástica. A pobreza é a condição existencial do expressionista exilado, experimentada em vários níveis: a ruína da experiência tradicional, a identificação com os excluídos ou a pobreza do ambiente e, finalmente, a forma pobre, buscada por meio dessa redução, como elemento fundador de sua poética. A simplificação formal, na obra de Goeldi, se desdobra do contraste absoluto entre a luz branca do fundo e o negro opaco da forma impressa. As massas de cor sofrem a pressão dessa luz, que parecem bloquear, e adquirem um aspecto de silhueta. Neste contexto, o uso da policromia propõe uma espécie de cor gráfica, como superação da dicotomia entre elemento cromático e linear. Ao mesmo tempo, revela uma presença autônoma, que aponta para uma espécie de simbolismo imanente da cor, a qual se destaca do contexto funcional e adquire expressão em si mesma. |