Resumo: |
Esta pesquisa tem como tema central a vida e a obra do poeta português Antônio Serrão de Castro, nascido no ano de 1613, em Lisboa, cidade na qual exerceu sua profissão de boticário e onde dedicou-se a uma vasta produção literária. Serrão foi presidente da Academia dos Singulares, fundada em 1663, cujos membros, em sua maioria, eram cristãos-novos. Entre suas mais importantes obras "Os Ratos da Inquisição" constitui-se na mais conhecida. Impresso no ano de 1883, este poema autobiográfico vem prefaciado por Camilo Castelo Branco que escreveu o mais importante texto sobre o poeta e a sua época, situando-o dentro das Escolas e tendo o mérito de o analisar individualmente e ver nele "uma inteligência precocemente revolucionária em um meio incoerente". Preso por crime de judaísmo, no ano de 1672, foi encarcerado nos porões do Santo Oficio da Inquisição de Lisboa por um período de dez anos. Durante todo esse tempo passou a sofrer vários tipos de torturas físicas e psicológicas para que confessasse suas culpas na mesa do Tribunal. Talvez com o intuito de proteger sua família, Serrão de Castro negou, por várias vezes, a sua condição de judaizante, até que no ano de 1682 com a saúde debilitada não conseguiu resistir às pressões que lhe foram impostas e resolveu confessar, nomeando todos aqueles com quem se declarou na Lei de Moisés. Porém, a desgraça de Serrão de Castro não estava relacionada com o seu judaísmo nem com a ambição dos inquisidores em extorquir-lhe os seus bens, pois mesmo, como demonstra seu inventário, quase nada possuía. O que sucedeu com e com seus "Singulares" amigos resultou do grande duelo que se travou entre a Coroa - restaurada e defendida pelos jesuítas e apoiada pela elite financeira e intelectual cristã-nova - e a Inquisição, fato este que podemos constatar através das relações existentes entre os membros da Academia dos Singulares e os grandes homens de negócio de Lisboa, ligados ao banqueiro ) Duarte da Silva e ao padre Antônio Vieira |