Resumo: |
Este trabalho tem por objetivo estudar os africanos livres na sociedade escravista do Brasil no século XIX. Nosso esforço foi no sentido de conceituar os africanos livres em uma categoria social específica, distinta aos escravos. Desde o início do século XIX quando os traficantes negreiros intensificaram o abastecimento de escravos nos portos americanos, a política inglesa de repressão ao comércio de negros se intensificou. A política anti tráfico desenvolvida pela Inglaterra obrigou a Portugal e, posteriormente, ao Império brasileiro a submeter-se a sua política abolicionista a nível internacional. Conseqüentemente, os países dependentes de mão-de-obra africana foram obrigados a firmar tratados objetivando o progressivo término do tráfico. O império brasileiro firmou em 1831 a lei que proibia o tráfico de escravos. A partir desta data os africanos que foram aprisionados em alto mar por autoridades inglesas, foram considerados como sendo africanos livres. Esses africanos livres estiveram a partir de então sob a guarda do governo imperial que, por sua vez, consignou-os a senhores particulares. Esta prática sempre foi contestada pelas autoridades inglesas e a historiografia abolicionista do século passado argumentou que eles foram equiparados ao escravos. Meus estudos delimitam a presença dos africanos livres na sociedade escravista mas concebido como um agente histórico distinto ao escravo. Para lograr meus objetivos utilizei de uma substanciosa bibliografia e fiz útilas informações dos expedientes policiais, dos relatórios ministeriais, dos mapas de freqüência de operários e de africanos livres em várias fábricas, dos testemunhos dos viajantes e da cartografia existente. O resultado foi um panorama distinto ao que se conhecia. Os africanos livres estiveram presentes não só nas atividades profissionais junto com os escravos como estiveram presentes a todos os movimentos de contestação do século passado |