Resumo: |
O presente trabalho trata de pesquisar O Porto do Rio Grande de São Pedro nos quadros da expansão colonial luso-espanhola (1737-1777). Ao partirmos da constatação inicial de que o Porto estava inserido em área de fricção entre duas frentes de colonização emulentes, elegemos, neste contexto, duas vias de estudo. Por um lado, empreendemos esforço no sentido de analisar o processo de ocupação e colonização do lugar, intentando fazer emergir as formas pelas quais se configuraram ali a presença do Estado português. Numa outra perspectiva, também buscamos evidenciar as injunções que se constituíram em tensões a traspassar a vida dos agentes sociais, homens e mulheres, militares e povoadores civis, que experenciaram aquele momento. Como injunções, atentamos para as imposições do meio e as decorrentes mesmo da própria rivalidade luso-espanhola naquela área conflitual, como o sentimento do medo, a extrema indigência e a pressão exercida pelas normas disciplinares. Enquanto recorte temporal, o trabalho está delimitado entre meados e fins dos anos setecentos (1737-1777). Esse período corresponde a fase inicial da trajetória histórica do lugar que, como revela a literatura que se ocupa do tema, é marcada por uma função predominantemente militar e estratégica, resultante, exatamente, do seu entrelaçamento indissociável com a questão geopolítica platina colonial. Buscamos a coerência e a coesão textual pela articulação entre a narrativa e a argumentação, auxiliadas pelo uso recorrente de imagens. Em termos expositivos, o trabalho estrutura-se em três seções principais, desdobradas em correspondência ao desenvolvimento do tema, sendo que a introdução e a conclusão assumem papel operacional importante. A primeira seção, "A colonização luso-espanhola na América do Sul Expansão, Fronteiras e tensões", registra o esforço elaborar um quadro de referências capaz de expressar o processo de colonização espanhola e lusitana no Novo Mundo, destacando a formação, na porção meridional do continente americano, de uma zona de tensão entre Portugal e Espanha em função dos interesses excludentes guiados pela política do "exclusivo metropolitano". Na segunda seção, "Entre o doce e o salgado - O ritmo do meio e O ritmo do homem", procuramos caracterizar o espaço físico sobre o qual os portugueses assentaram o Presídio e Colônia do Rio Grande de São Pedro, destacando Os processos naturais que se desenvolvem no lugar como tensões que se relacionaram a história objetiva. A terceira seção, de certa forma, justifica e sintetiza as anteriores. Intitula-se, no geral, "O Estado Português no Atlântico Sul". O capítulo desdobra-se em 07 sub-seções. No conjunto, tratam de apresentar evidências mais pontuais a fim de montar um universo de validades para atender as questões que orientaram o trabalho. |