Famílias Migrantes na Região Metropolitana de Curitiba: Sociabilidade e Estratégias de Sobrevivência

Benilde Maria Lenzi Motim (Orientador: Carlos Roberto Antunes dos Santos)
Tese de Doutorado
Programa: UFPR/PPGHIS
Defesa: 1999
Banca:
Resumo: Esta pesquisa teve por objetivo compreender o processo histórico das migrações no Paraná, a partir do ponto de vista das familias migrantes pobres. Analisamos a dinâmica das relações que se estabeleceram a partir do trabalho e do cotidiano delas, visando perceber as diferentes formas de inserção e de sociabilidade desenvolvidas por essa população, em sua trajetória. O objeto desta pesquisa está constituido pelas familias migrantes pobres e suas trajetórias, enquanto agentes de um processo histórico relativamente recente de transformações, seja na agricultura, na família, no trabalho, seja no ambiente urbano. Procuramos perceber os mais diversos e amplos aspectos que influíram nas decisões desses migrantes em favor de determinadas opções para a sobrevivência, entre elas a própria migração. Acompanhando histórias de vida de famílias migrantes que vieram entre 1965 e 1995, aproximadamente, elaboramos uma análise das estratégias de sobrevivência utilizadas por uma parcela da população de Piraquara e Pinhais. No decorrer desse período, eclodiram as grandes transformações na dinâmica migratória do Estado do Paraná: reversão das tendências migratórias do Estado e intensificação da migração em direção à Região Metropolitana de Curitiba. Foi nesse período que as famílias pesquisadas nela se instalaram. Analisamos questões como: o significado e o valor do trabalho para o segmento considerado; o peso ou o apoio que a família e as redes de parentesco e vizinhança representam na vida destes grupos; quais as características destas famílias em momentos distintos; quais são suas estratégias de sobrevivência; quais as formas de sociabilidade que se elaboraram. Partimos do pressuposto que: as famílias pobres que migraram para a RMC, vindas do interior do Paraná ou de outros Estados, criaram durante o processo migratório e, mesmo depois de nela estabelecidos, algumas estratégias de sobrevivência específicas; as formas de sociabilidade deste grupo de migrantes parecem explicar-se por sua inserção socioeconómica e familiar, sua origem rural e por fatores culturais como a religião e a educação. Assim, as mudanças pelas quais passaram e a experiência da instabilidade e da insegurança fizeram com que eles criassem ou recriassem algumas formas de sociabilidade. Analisamos, ainda, até que ponto as formas de sociabilidade características do ambiente urbano foram incorporados no cotidiano destas famílias. A abordagem é histórico-sociológica, insere-se na problemática dos "modos de vida" e constituise como parte do que se convencionou chamar de história do presente. Trabalhamos com histórias de vida e questionários, dados estatísticos secundários, e procedimentos da análise de discurso. Elaboramos: um quadro do contexto histórico das migrações e das trajetórias destas famílias migrantes até sua inserção na RMC, uma revisão bibliográfica parcial, direcionada à construção do pano de fundo para a análise do tema. Ainda, uma caracterização das famílias pesquisadas e suas experiências, considerando variáveis importantes para mapear estratégias de sobrevivência e sociabilidade. Construímos uma análise temática que leva em consideração, as diferentes gerações e espaços - interior e RMC. Analisamos o lazer e a participação dos membros das famílias em diferentes círculos sociais.
Páginas: 202
URL: https://hdl.handle.net/1884/27154