Resumo: |
A cidade do Desterro tem sido estudada com mais freqüência em função de seus aspectos políticos por ser a capital da Província. Muito pouco se tem pesquisado em torno de suas atividades econômicas e principalmente no que se refere ao movimento comercial do seu porto no século XIX. A presente dissertação tem por objetivo estudar este aspecto dentro do contexto provincial, nacional e internacional. O porto do Desterro, diante dos demais portos da Província exerceu uma superioridade comercial durante o II Reinado. Portos como o de Laguna e outros menores do litoral sul dirigiam sua maior produção, especialmente farinha de mandioca, para Desterro. Daí era levada para outros portos do Império, principalmente para o Rio de Janeiro. Entretanto, portos como o de Itajaí e São Francisco, localizados mais ao norte, efetuavam suas atividades comerciais diretamente com outros portos do país. Seus volumes de exportação eram pequenos se comparados com o do Desterro, no período estudado. O maior movimento do porto do Desterro esteve ligado ao comércio de cabotagem efetuado, como já dissemos, em maior escana com o Rio de Janeiro. A falta de condições técnicas do porto que não permitia a entrada de embarcações de grande calado e o tipo de gêneros produzidos na Província fizeram com que o Rio de Janeiro exercesse a função de maior centro abastecedor de Santa Catarina assim como o grande receptor dos produtos exportados. Dali então, eram muitas vezes reexportados. Portanto, seu comércio esteve especificamente voltado para o mercado interno, mas numa situação de inferioridade diante da maior parte das províncias do Império. Sustentado por gêneros largamente produzidos no país, eram por isso de baixo valor comercial, sendo a farinha de mandioca o principal produto. Em decorrência dos fatores acima mencionados e de outros descritos no trabalho, a balança comercial da Província permaneceu quase que constantemente com saldos negativos. Seu período mais favorável foi aquele que correspondeu à Guerra do Paraguai, o qual passamos a tratar de uma época de "mini-boom", quando ocorreu a maior demanda de gêneros alimentícios em direção ao sul do país e região platina. Fora disto, a superioridade da exportação sobre a importação foi apenas acidental. |