Resumo: |
O trabalho visa traçar o processo histórico de constituição das festas de coroação de rei congo ocorridas no Brasil do século XIX, apontando para um circuito cultural que unia Portugal, Espanha, África centro-ocidental e as Américas, do século XV ao XIX. Realizadas no seio das irmandades de homens pretos, essas festas foram formas de inserção dos negros na sociedade colonial, ao mesmo tempo que espaços de afirmação de identidades calcadas em raízes africanas. Analisadas à luz da história do reino do Congo e da conversão da elite congolesa ao catolicismo depois da chegada dos portugueses à foz do rio Zaire, no final do século XV, as festas de reis negros são entendidas como um meio de construção de uma identidade católica negra, sob o jugo da escravidão. |