Resumo: |
Esta dissertação insere-se entre as pesquisas sobre a história da criança no Brasil. Meu enfoque é a infância pertencente às famílias da boa sociedade a partir da consolidação do Estado Imperial. Este recorte temporal se faz presente porque acredito que a partir da década de 1840, efetuada a centralização política e administrativa do Império, nasceria a necessidade de uma maior identificação de valores de habitus, entre aqueles que iriam compor a elite do Império. Procurava-se, então, estabelecer habitus comuns que reforçassem a identidade do grupo de elite em oposição ao resto da sociedade, além de viabilizarem sua coesão sociocultural. Desta forma, na primeira parte deste trabalho pretendemos explicitar como se deu o processo de "descoberta da infância" na sociedade oitocentista, trabalhando com sua diferenciação em relação aos sentimentos e expectativas sobre a infância vigentes na sociedade colonial e nas primeiras décadas do Império. Em "Educação e Civilização" buscamos analisar os novos parâmetros educacionais que estariam na base do novo habitus infantil, compreendidos como: educação física, educação moral e instrução. Ao se deixar envolver por um novo habitus, voltado principalmente para a criança, a família oitocentista modificaria seu perfil e seus costumes, acabando por introduzir novas formas de pensar as relações, os sentimentos familiares e as personagens neles envolvidas. Assim, em "Família em Perspectiva", que compõe a segunda parte deste estudo, procuramos analisar em que bases seriam estabelecidos novos papeis do pai, da mãe e da criança no interior da célula familiar. |