Resumo: |
No período barroco as ações dos homens no mundo se inserem num modelo providencialista de história, marcado por uma visão escatológica. Este trabalho procura, através do martírio de Inácio de Azevedo, observar como a escrita histórica seiscentista se apropriou das experiências de um jesuíta, pertencente à primeira geração da Companhia de Jesus, e como esta escrita interpretou a história de sua morte a partir de conceitos teológicos, que buscavam inserir as terras coloniais na tradição católica. A idéia de que um homem santificado teria morrido pelo Brasil, postularia a imanência da história salvífica no Novo Mundo, e também revelaria a certeza da cristianização daquelas terras. No entanto, o martírio não é unilateralmente determinado por Deus, mas revela a ação de um homem santo, sem a qual o plano divino não se realizaria. Abre-se, assim, espaço para a compreensão da vontade humana como colaboradora da histórica salvífica, nos quadros de uma concepção de mundo religiosa, que se torna hegemônica após as Reformas, e que traz o conceito de dignidade humana conjugado a ideais de santidade. |