Os Mbayá-Guaicurú: Área, Assentamento, Subsistência e Cultura Material

Ana Lucia Herberts (Orientador: Pedro Ignácio Schmitz)
Dissertação de Mestrado
Programa: Unisinos/PPGH
Defesa: 1998
Banca:
Resumo: Este trabalho estuda a área, o assentamento, a subsistência e a cultura material do grupo indígena Mbayá-Guaicurú entre os séculos XVI e XIX, a partir da revisão e análise das fontes etno-históricas escritas. Buscou-se construir um modelo etnográfico do assentamento, para auxiliar as pesquisas arqueológicas nas áreas historicamente habitadas pelo grupo, visando compreender a adaptação Mbayá-Guaicurú nos diferentes ambientes e sua organização espacial. O grupo habitou inicialmente no século XVI a região do Chaco, dividido em dois núcleos: o núcleo do sul (Guaicurú), localizado na margem ocidental do rio Paraguai, próximo à cidade de Assunção; e do norte (Mbayá), também na margem ocidental do Alto Paraguai. A partir de meados do século XVII, começou a ocupar paulatina e paralelamente também a margem oriental do rio Paraguai, correspondente a região do Pantanal e áreas periféricas, que se tornou no século XVIII a principal área ocupada. Em fins do século XIX, o território habitado pelo grupo concentrava-se em áreas abrangidas pelo atual estado brasileiro do Mato Grosso do Sul. Para os assentamentos Mbayá-Guaicurú podem-se distinguir: a) assentamentos chaquenhos, caracterizados por uma ocupação temporária, com deslocamentos constantes em busca de áreas propícias; b) assentamentos na região do Pantanal e áreas adjacentes, com assentamentos sazonais, variando os locais conforme o ciclo das inundações e da seca, e com assentamentos mais estáveis de áreas não inundáveis; c) assentamentos estáveis Kadiwéu, caracterizados por aldeias semi-sedentárias e a ocupação conjugada de acampamentos temporários como os aterros para as atividades subsistênciais como, por exemplo, na época das caçadas de veados (Cervidae) ou da colheita de acuri (Scheelea phalerata) e bocaiúva (Acrocomia aculeata). A subsistência Mbayá-Guaicurú baseava-se nas atividades de caça, pesca e coleta, realizadas pelo grupo conforme os recursos faunísticos e florísticos propiciados pelo ambiente. O cultivo de produtos agrícolas somente surge com a maior estabilidade dos assentamentos a partir do século XIX. A criação de animais domésticos é desenvolvida a partir de novas possibilidades coloniais, destacando-se rebanhos eqüinos e bovinos. O cavalo torna-se um dos elementos coloniais mais importantes para os Mbayá-Guaicurú. A sua adoção implicou na conseqüente reorganização social do grupo e sua transformação em sociedade eqüestre.
Páginas: 345
Financiamento:
  • CNPq
URL: Tese não digitalizada