Resumo: |
Este trabalho trata da relação entre doença e imaginário social no Brasil do século XIX. Tomando como tema de estudo a grande epidemia de cólera de 1856 no Nordeste, tenta investigar como, a partir da percepção de uma nova e terrível doença, vão sendo construídas verdades e definições a seu respeito. Busca analisar a doença sob o ângulo epistemológico e cultural. Na dimensão epistemológica, procura situar as características discursivas e os valores presentes nas teorias produzidas sobre a propagação do cólera. Na dimensão cultural, ressalta a produção de representações do corpo biológico e social. Como doença-síntese, o cólera criou um consenso do mal e reatualizou velhas representações das antigas pestes. O seu poder de causar catástrofes e mobilizar o conjunto da sociedade desencadeou tecnologias, acentuou conflitos de poder e saber e mobilizou sentimentos, emoções e medos. |