Resumo: |
Através do entrecruzamento de diferentes fontes documentais, busco analisar a dinâmica histórica na qual ocorreu o fenômeno da malandragem em São Paulo (no período de 1930-1950) e as suas representações, bem como sua importância na memória de uma parcela da população paulista. Focalizo a formação da ambiência da malandragem e do circuito da boemia em meio a um processo de crescente e continua urbanização e esforços de modernização, valorização do trabalho e constantes preocupações de autoridades públicas acerca do delineamento moral das classes populares, segurança pública e ordem social. Para tanto, revisito discussões sobre o enquadramento de imaginários coletivos, os quais redundam num delineamento de auto-imagens e, neste sentido, a sustentação do mito da "terra do trabalho", ancorado no simbologia do bandeirantismo e na metafórica locomotiva como uma "predestinação paulistana". De outro lado, como principal contraponto, a indolência brasileira representada pelo protótipo do malandro carioca. No bojo das construções de identidades, portanto, a focalização da malandragem paulistana é o avesso da "terra do trabalho". |