Resumo: |
Nos estudos históricos tornou-se necessário conhecer as múltiplas relações do simbólico e os processos concretos de criação de identidades sociais no Brasil. A pesquisa procurou, através de uma forma de divertimento popular, produzido pela indústria cultural, mostrar como uma linguagem é apropriada por uma classe e transformada em veículo portador de uma visão de mundo particular. Para isso utilizamos um gênero de comédia cinematográfica, a chanchada que é uma forma de paródia, analisando-a no campo da luta social e cultural, como uma linguagem de classe para se contrapor aos modelos da linguagem culta e, desse modo, tornar-se um instrumento de denúncia social e de crítica à cultura e à política da elite letrada. Na análise procuramos mostrar através de dois filmes os registros que identificam a ação da classe e o modo como o discurso aparece reelaborado nas imagens da chanchada. Na reflexão sobre tal possibilidade encontramos indícios de que o riso, ao corresponder a certas exigências da vida, aponta para um embate entre comportamentos sociais cuja resposta é o "não sério" - a piada, a paródia - que torna-se portador dos anseios, do olhar crítico e diferenciador da classe, capaz de apontar os espaços de tensão e dar voz a silêncios e interdições sepultados, contrapondo-se a uma visão unidimensional de uma história que sacraliza a cultura letrada. |