Resumo: |
Em Quilombos do Brasil Central (1719-1888), procuramos contextualizar e descrever a chegada do escravismo colonial e seu longo processo de colonização e dominação de Mato Grosso e Goiás, tendo como contraponto a resistência dos escravos de origem africana. Fundado em ampla pesquisa, objetiva mostrar a resistência negra, especialmente na sua forma de rebeldia mais específica, ou "unidade básica", que foi o quilombo, onde o escravo é agente catalisador na desagregação e transformação social da ordem escravista, construindo e buscando valores como o da liberdade. Com esta visão, o quilombo busca a liberdade através de duas estratégias essenciais: a de conseguir escapar (fuga individual), e a de não ser recapturado, justificando o segundo "estágio", que é a luta coletiva pela liberdade étnica e política, formando quilombos, trazendo o terceiro "estágio" através da quilombagem onde já é livre e passa a agir coletivamente contra o sistema. Essa luta predominou em três regiões principais do Brasil Central: Vale do Guaporé, no oeste e norte de Mato Grosso, através do Quilombo do Piolho ou Quariterê; Sertão da Farinha Podre, sul da Capitania de Goiás, ora Triângulo Mineiro, sendo destaque o Quilombo do Ambrósio; e nordeste e norte goiano, sul e sudeste do atual Tocantins, através de quilombos do Vale do Paranã, figurando como o mais persistente e de maior duração em Goiás, o de Calunga. |