Resumo: |
Este estudo tem como objetivo apreender o processo pelo qual Inhaúma e Irajá, antigas freguesias rurais, se transformaram nos subúrbios residencias mais significativos do município do Rio de Janeiro. Além das análises das alterações ocorridas em diferentes aspectos da vida econômica-social particular à área pesquisada, abrangendo um período de longa duração, o trabalho se amplia em outras direções. Ao olhar o município como um todo, destaca tanto o processo de distribuição de sesmarias, como os procedimentos utilizados para a fundação das freguesias e paróquias, caracterizando as funções que cabiam a cada uma. Trata dos conflitos entre o Estado e a Companhia de Jesus em torno das propriedades territoriais, apontando o que representaram como empecilho ao controle da Câmara sobre suas terras patrimoniais. Demonstra como essa questão, resolvida com a expulsão dos jesuítas e o confisco de suas terras em 1759, colaborou em seguida para a formação de pequenas propriedades e para mudanças econômicas-sociais na parte da zona rural situada ao norte da cidade. Isso facilitou o avanço do perímetro urbano naquela direção no decorrer do século XIX, até que fosse melhor demarcado em 1873 com a criação da freguesia do Engenho Novo, em área em grande parte desmembrada de Inhaúma. Esta última e as demais freguesias situadas para além dela no município, foram mantidas como rurais e depois denominadas suburbanas. A elas, durante a reforma urbana executada na prefeitura Pereira Passos(1902-1906), o Estado atribuiu o papel de áreas residenciais para as camadas trabalhadoras no município do Rio de Janeiro. Ao finalizar a segunda década do século XX, Inhaúma e Irajá encontravam-se plenamente definidas em torno dessa função |