Resumo: |
Problematizando as análises da historiografia sobre a formação da identidade nacional no Primeiro Reinado, esta tese de Doutorado contribui para o estudo sobre o que era "ser brasileiro" nesse período. Mostra como se deu a construção da liberdade até a Independência total, em 1822, e como esta questão permeou a vida política dos primeiros anos do Brasil emancipado e desembocou no Sete de Abril de 1831, data da Abdicação de D. Pedra I. O País deveria ser livre, autônomo. Este desejo também era compartilhado por "brasileiros", "portugueses" e africanos. Livres, libertos ou escravos, todos disputavam direitos no espaço público. "Ser brasileiro" foi-se constituindo como uma construção histórica, oposta ao "ser português". E, como tal, foi utilizada como poderosa arma política, gerando normas e leis de controle e vigilância dos estrangeiros. a normalização produziu material demográfico precioso, através do qual traçamos um perfil do imigrante português. Sua significativa presença no mercado de trabalho, já que chegava em levas e mais levas há muito tempo e obedecia a uma política de emigração igualmente antiga e importante, visava a substituição gradual do trabalhador escravo pelo livre. Mão-de-obra fundamental, o português nato disputava colocações e empregos, ficando habitualmente com a melhor fatia do mercado, criando rivalidades com os chamados "brasileiros" e acentuando as brigas pela sobrevivência. Estas traduziam-se, inevitavelmente, em lutas pelos espaços políticos, muitas vezes travestidas de acentuados preconceitos e rixas raciais. |