Resumo: |
Aborda a questão das relações escravistas na Província de Goiás no período compreendido entre 1835 e 1875. Num momento em que a escravidão negra tendia a desaparecer, acarretando um possível "abrandamento" das - por natureza - tensas relações entre senhores e escravos, são encontrados na Província de Goiás uma série de crimes cometidos por escravos contra seus senhores. Lançando mão de conhecimentos rudimentares da psicanálise, foi-nos possível uma percepção de uma série de pequenos detalhes, desejos ocultos; situações sem aparente significado, reações " repentinas", que nos tornaram possível chegar um pouco mais perto dos protagonistas desta História. Um exame mais detalhado e minucioso das relações entre senhores e escravos nos leva a crer na existência de um "acordo" entre as partes. Tal acordo parece estabelecer "direitos" e "deveres" de ambos os lados, possibilitando um certo "equilíbrio" nas relações. Ocorre que tais medidas "conciliatórias" e paliativas são, necessariamente, incapazes de neutralizar conflitos advindos do choque entre "interesses antagônicos". Quando muito, estas podem atenuar e mesmo adiar a eclosão dos enfrentamentos. Uma vez rompido tal "acordo de convivência" por parte do senhor, assim como o irromper de "raivas acumuladas" por parte do escravo, está aberto o caminho para que este invista violentamente contra a pessoa de seu senhor. |