| Resumo: |
Aborda as políticas de abastecimento no Brasil de 1952 a 1962, considerando-as como parte do conflito de interesses entre capital e trabalho. A partir da análise das crises de carestia e da escassez de produtos no período analisado, o autor conclui que elas eram motivadas pela estagnação ou por pequenas oscilações na produção de alimentos. E também por fatores de ordem comercial, tais como a pré-fixação de preços. Foi a partir dessa construção que, segundo o autor, tornou-se transparente o conflito de interesses por trás da questão do abastecimento. Durante o período estudado, o principal órgão estatal responsável pelas políticas de abastecimento era a Comissão de Abastecimento e Preços (Cofap). A análise de sua estrutura administrativa e de sua pratica política demonstra ter sido este órgão parte da organização corporativa do Estado. Através da Cofap, por exemplo, o Estado brasileiro interveio no abastecimento, colocando-se entre os interesses dos produtores, comerciantes e consumidores, sempre com suposto tutor das classes menos favorecidas. Com isso, defende Mário Cleber Lanna Júnior, as políticas de abastecimento realizadas pela Cofap foram importantes instrumentos de cooptação e controle das classes populares. Ao mesmo tempo que contrariava os interesses de produtores e comerciantes. |
