Resumo: |
A proposta de trabalho que ora apresentamos nesta dissertação relaciona-se, de um lado, ao funcionamento do aparelho inquisitorial português no Brasil e, de outro, as relações entre o Santo Ofício e a sociedade colonial. O aprofundamento destes dois eixos de reflexão centraliza-se, pois, no estudo dos familiares, categorias de funcionários da inquisição que, em troca de inúmeros privilégios, eram incumbidos de prestar serviços policiais e investigatórios à máquina do Santo Ofício, tanto no próprio Reino, como em todo o Império colonial português na Época Moderna. O ingresso dos familiares no quadro de oficiais da inquisição obedecia a critérios de "pureza de sangue", e o estudo dos processos de habilitação a que os postulantes submetiam-se permite-nos avaliar o grau de preconceito religioso e racial existente em Portugal e no Brasil colonial. Avaliando também a atuação dos familiares na sociedade é possível entrever o grau de arbitrio que sua ação podia atingir, espelhando o próprio caráter da inquisição enquanto aparelho de poder no mundo ibérico e em suas colônias. |