Resumo: |
Recusando-se a tomar a literatura como mero suplemento da história, onde ela só cumpre a função de reconfirmar algo já dito por outras fontes, ou de ilustrar o que se toma por consensualmente dado como fato histórico, e, negando-se a entrever nela um recurso para complementar as lacunas deixadas por outras fontes, interpreta a defesa da República na Guerra Civil Espanhola - registrada por Hemingway em Por quem os sinos dobram? - como dimensão simbólica da história. Apoiando-se nos trabalhos de Lefort, Derrida e Foucault, busca compreender as instâncias de produção discursiva subjacentes à idéia de república presente na obra de Hemingway sobre o conflito, sem ceder a imagens e conceitos pré-estabelecidos sobre a verdades dos acontecimentos que se deram na Espanha, o sentido da produção cultural antifascista na década de 30 e, principalmente, aos clichês do "mass media" sobre Hemingway. Tomando o livro como reelaboração da experiência histórica do autor, foi possível compreender a idéia de república hemingwayana como um conjunto de repúblicas, onde se interpretam o pensamento liberal clássico norte-americano, o discurso stalinista, a idealização da Espanha no âmbito da visão romântica do oeste da literatura americana, a imagem apocalíptica e redentora da Guerra Civil na produção cultural antifascista e os cânones estéticos da arte nazi-fascista. |