Formação do Trabalhador Catarinense: O Caso do Caboclo do Planalto Serrano

Samir Ribeiro de Jesus (Orientador: Carlos Humberto Pederneiras Corrêa)
Dissertação de Mestrado
Programa: UFSC/PPGH
Defesa: 1991
Banca:
Resumo: Este trabalho tem por objeto de estudo a história da formação e desenvolvimento de um dos tipos humanos trabalhadores catarinenses: o caboclo do Planalto Serrano. Enquanto indivíduo humano concreto, o caboclo é percebido, não apenas no seu condicionamento biológico, mas também no seu condicionamento social em geral. O período considerado divide-se em fases. A primeira - do século XVIII à 2a metade do século XX - corresponde à formação dos caboclos peões e roceiros, inserida em uma realidade social, marcada pelas relações de dominação do tipo patrimonialista. A segunda - de 1950 a 1970 - compreende a formação do caboclo enquanto trabalhador assalariado, operário de serraria, na condição do desenvolvimento das relações produtivas de caráter capitalista no campo, geradas pela indústria extrativa da madeira. Ainda (na conclusão) menciona-se a fase atual, quando finda o domínio do processo industrial de extração da madeira acelerando a evasão dos caboclos do campo, a partir da qual formam um semi-proletariado de, predominantemente, trabalhadores agrícolas temporários, moradores nos bairros pobres, situados nas periferias das principais cidades catarinenses. Tratou-se de explicitar como as mudanças dos processos produtivos de reprodução da existência material foram gerando historicamente novas formas de educação, controle e disciplinamento, as quais, por sua vez, exerceram influxo sobre a adaptação do caboclo ao processo produtivo correspondente. Para este estudo foram retomadas determinadas categorias de análise, tais como: trabalho, classes sociais, hegemonia, qualificação, desqualificação, educação e outras, que são, por excelência, os instrumentos de leitura do real. Entre essas categorias, destaca-se o trabalho como formação histórica, como relação fundamental, através da qual os trabalhadores participam, de uma forma ou de outra, de uma determinada visão de mundo, e interpretam a sua realidade, a sua condição, de acordo com essa visão. Utilizou-se a História Oral como uma das fontes de informação para recuperar e extrair elementos relacionados ao conhecimento do passado dos caboclos, considerado sob o ângulo da questão que foi proposta. Pretendeu-se, assim, revelar as bases sobre as quais se assenta o processo de transformação dos caboclos do Planalto Serrano Catarinense em trabalhadores assalariados, como força de trabalho despossuída, e o seu enquadramento nas regras exigidas pelas formas de produção que se estabeleceram no contexto da respectiva região.
Páginas: 176
URL: http://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/75825