Resumo: |
As áreas geográficas onde se estabeleceram as primeiras comunidades campeiras do Brasil Meridional, constituem uma unidade fitogeográfica semelhante, que apresenta campos entrelaçados com pinhais. Esses campos, localizados nos planaltos sulinos eram propícios ao desenvolvimento da pecuária. Este trabalho, que está centrado na ocupação e povoamento inicial dos três planaltos do Paraná, aborda também a expansão desse povoamento para o sul, onde se formaram gradativamente novas comunidades campeiras. Curitiba, localizada no primeiro planalto paranaense, é a célula fundamental de povoamento dos demais planaltos do Paraná, a partir de meados do século XVII. No século XVIII os povoadores dos Campos de Curitiba alcançam os Campos Gerais, no segundo planalto paranaense, cujo povoamento é acrescido de novos contingentes populacionais, formados na sua maioria de paulistas e portugueses. Pelo caminho do Viamão, também chamado "Estrada das Tropas", que cortava os Campos Gerais, essas populações seguem para o sul. Dos Campos de Vacaria dirigem-se para o oeste, pelo antigo caminho das Missões, atingindo o Planalto Médio do Rio Grande do Sul. Nas novas comunidades aí surgidas, na terceira década do século XIX, os paranaenses constituem a maioria dos seus primeiros povoadores. Nelas é reproduzido o mesmo tipo sócio-econômico de vida das comunidades paranaenses, intimamente ligado ao ciclo do tropeirismo e caracterizado pelas relações de parentesco. Ainda nas primeiras décadas do século XIX, populações naturais dos primeiros e segundo planaltos paranaenses alcançam terceiro planalto, ocupando os campos de Guarapuava e de Palmas, e aí formam novas comunidades. Essas populações, abrem um novo caminho para as Missões, unindo Guarapuava aos Campos de Nonoai, no Rio Grande do Sul, atravessando o atual oeste catarinense. É a nova "Estrada das Missões", importante rota do tropeirismo a partir de meados do século XIX. Os laços de parentesco e a transmissão da conseqüente herança cultural, são importantes traços que identificam ainda hoje as comunidades campeiras dos planaltos do Brasil Meridional. Buscando as origens genealógicas dos primeiros povoadores dessas comunidades, evidenciamos uma continuidade de parentesco, partindo de famílias que emigram de São Paulo, do século XVII em diante, para os planaltos da Região Sul do Brasil, onde vão constituir as células fundamentais de povoamento abordadas nesta pesquisa. |