Resumo: |
Neste trabalho, buscou-se resgatar a atuação da Igreja Católica em Santa Catarina, no contexto de romanização que visava o seu alinhamento à Santa Sé e a construção da sua identidade institucional, através da montagem de toda uma estrutura organizacional e devocional, da importação de ordens e congregações religiosas estrangeiras masculinas e femininas, numa relação muito íntima com as elites dirigentes estaduais e locais. Mostra-se, ainda, que esse alinhamento da Igreja Católica à Santa Sé deu-se em meio a uma série de reuniões do Episcopado, culminando com a elaboração de documentos que não refletiam a realidade concreta brasileira, mas que traziam toda uma postura fortemente europeizada. Para contrapor todo o conteúdo exógeno trazido pelo catolicismo ultramontano, resgatou-se aquilo que é muito típico na região do Planalto Serrano Catarinense: a devoção a santos, promessas, benzeduras, monges, festas e procissões profanas e a participação ativa do leigo nos assuntos religiosos em detrimento do padre que são características marcantes do catolicismo popular. Acima de tudo, contrapõe-se ao catolicismo ultramontano, trazido pela igreja romanizada com o catolicismo popular existente na região. Procurou-se mostrar a relação da Igreja Católica, representada em Lages pela Ordem Franciscana, com as elites dirigentes locais, como forma de criar espaços para penetrar em todas as esferas da sociedade, legitimando-as no poder e combatendo manifestações religiosas populares. |