Resumo: |
O trabalho "Revista Ilustrada (1876-1898): síntese de uma época" aborda, sob uma ótica artístico-histórica, este importante periódico artístico, literário e político editado no Rio de Janeiro durante o último quartel do século XIX. A Revista possuiu duas fases distintas: na primeira, encerrada em meados de 1888, ela foi publicada sob a responsabilidade do artista ítalo-brasileiro Angelo Agostini (1843-1910), que imprimiu o sentido combativo do periódico em prol da Abolição e da República; na segunda, o hebdomadário foi editado sob responsabilidade do pernambucano Luis de Andrade atuando de forma menos combativa, tendo sido vários de seus redatores cooptados pelo aparelho de estado. No Brasil, os episódios político-sociais que marcaram o processo de transição do modo de produção escravista para o capitalista, tiveram como pano de fundo a discussão e a propaganda, na imprensa e na tribuna, da ideologia do Liberalismo. A Revista Ilustrada foi um importante porta-voz destas novas ideias que entao se difundiam no Brasil, hipotese esta que se procurou demonstrar ao longo do trabalho, para melhor se compreender sua atuação em prol da causa Abolicionista. Tal fundamentação contribui também para se compreender a roupagem artística que o periódico apresentou, onde o Naturalismo das ilustrações de Agostini apresentaria influxos também do Romantismo, expressos pela forma de interpretação da Nação brasileira através da figura do índio, o que seria herdado, a partir de meados de 1888, pelo continuador de sua obra o caricaturista Bernardo Pereira Neto. A forma quase sempre humorística com que a Revista tratou das questões relacionadas à política nacional, apresentou, no entanto, digressões à época mais intensa da propaganda da Abolição, quando o discurso da Revista tornou-se veemente na defesa de seus ideais. Estes trabalhos de Ângelo Agostini, denominados nesta pesquisa como "arte-denúncia", representaram várias cenas de tortura e morte de trabalhadores e escravos, configurando, no plano artístico, um trabalho pioneiro para a época, se comparado ao sentido meramente contemplativo e idealizado dos padrões estéticos vigentes nas belas-artes oitocetistas. |