Anquises e a Nacionalidade Romana

Maria Luiza Andrade Delgado (Orientador: Edison Lourenço Molinari)
Dissertação de Mestrado
Programa: UFRJ/PPGHIS
Defesa: 1987
Banca:
Resumo: No sexto livro de Eneida de Vergilio, Anquises revela a seu filho Enéias o futuro glorioso de Roma, das origens ao Principado de Augusto. Os deuses escolheram Enéias para fundar a cidade eterna predestinada a governar todo mundo. Este foi o meio que Vergílio encontrou para legitimar o poder de Augusto, filho de um deus, pela gens Iulia. Resolvemos destacar a importância de Anquises em nosso trabalho porque será ele o porta-voz da mensagem emitida pelos deuses. Será ele e não Enéias que vai legitimar no plano mítico os fundamentos de uma filosofia criada para servir a uma ideologia de classe - a da classe dirigente. Vergílio não teve outra alternativa senão a de fazer uma literatura "engagee", a serviço do poderio econômico monopolizado pela classe dirigente. Assim, vai transplantar para o mito os fundamentos dessa filosofia que tinha por objetivo disfarçar o poder sustentado na força armada, e enaltecer o espírito patriótico empregado pela classe dirigente para encobrir a dominação sobre os romanos. Consideramos que foi Mecenas, ministro de Augusto e protetor das artes, a figura de maior importância no Principado, servindo aos interesses da sua classe com eficiência e talento. Se no plano mítico Vergilio fez de Anquises o mentor espiritual de Enéias, pois este não agia sem ouvir os conselhos do pai, no plano real, Augusto não dava um passo sem antes ouvir os conselhos de Mecenas, o criador da fórmula política do Império. Foi Mecenas e não Augusto o grande articulador político do Principado.
Páginas: 127
URL: Tese não digitalizada